sexta-feira, abril 23, 2004

As raparigas de Ponta Delgada

Saímos à rua e vamos por ai perdidos na esfera da nossa imaginação e vemo-las, altas loiras esculturais, autênticas bonecas Barbie de carne e osso. Elas estão no Comprando (tradução literal de shopping), vestidas de Zara da cabeça aos pés, calçadas pela Bata ou simplesmente Modelo e Continente. Elas são as raparigas de agora, elegantes, bem vestidas, bem perfumadas & companhia.
Elas são bem diferentes das raparigas da minha juventude. Trigueiras, baixinhas, bem servidas de carnes, perna gorda e avermelhada. A elas, as do meu tempo de jovem sedutor, qualquer trapinho servia, e algumas usavam mesmo uma Bata (ou “bate”, corruptela usada em algumas zonas da Ilha), de chita comprada a metro na loja das chitas , na Porta Larga ou nos Barateiros Depois no Armazém Clemente ou no Armazém Canadá, que lhes disfarçava e poupava a roupinha velha e passada de moda.
Elas as raparigas de Ponta Delgada são bem diferentes das do meu tempo de rapaz.

quarta-feira, abril 21, 2004

O M/V Saturnia

O M/V Saturnia


O Navio Motor Saturnia fazia viagens entre Lisboa, Ponta Delgada e Halifax no Canadá onde aportaram os primeiros emigrantes Açorianos em 13 de Maio de 1953. No então famoso pear21, de bordo do Saturnia, desembarcaram naquele dia 85 Portugueses dos quais 18 oriundos dos Açores, estava assim lançada a gesta Açoriana em terras do Canadá.

Dia de São Vapor

Não me recordo, e nem podia, do Vulcânia e do Saturnia, dois paquetes Italianos que aportavam a Ponta Delgada em viagem de e para o Novo Mundo.
Com o desenvolvimento do transporte aéreo de passageiros, os grandes paquetes transatlânticos deixaram de ter a importância estratégica que tinham, para ocuparem lugar de relevo num novo segmento da economia, o Turismo.
De facto hoje o navio de passageiros é utilizado maioritariamente para viagens de lazer, essencialmente no mediterrâneo, nos mares das Caraíbas, nos Fiordes da Noruega e nos mares do Alasca.
Alguns dos Operadores fazem viagens Transatlânticas, principalmente quando acaba a época no Mediterrâneo e começa nas Caraíbas ou vice-versa. Nesta Altura, os Açores são escolhidos como escala estratégica.
Urge modernizar Ponta Delgada no sentido de que estas escalas sejam cada vez mais regulares e repetidas.
Há muito que se fala na necessidade de adequar o Porto da Cidade para a operação de grandes navios de passageiros, dando ao turista condições de acesso à Cidade e proporcionar conforto e uma imagem mais moderna e atractiva do próprio porto.

Em tempos pensou-se em construir um Cais para este tipo de navios e para os navios da Açorline, junto à Avenida litoral, ainda se fosse para disfarçar o mamarracho e o erro urbanístico que foi a construção do edifício Sol-Mar, admitia-se mas como esse erro é incorrigível senão pela força de uma implosão, não vejo vantagem em ocultar e ensombrar Ponta Delgada encostando-lhe os navios de cruzeiro.
Por outro lado, esta deslocação dos Passageiros para o outro lado da baia, não descongestiona o Porto de Ponta Delgada doo seu grande problema que são os granéis, combustíveis, cereais e matérias-primas para alimentos compostos para animais.
Assim, no meu entender, o que há a fazer é construir um porto der raiz, ou em Santa Clara ou na Lagoa, depende dos estudos técnicos e das acessibilidades, com um terminal de granéis, reservando a actual zona do Molhe Salazar, até à quebrada para a operação de Passageiros, com o edifício da alfândega e dos serviços portuários (interessante obra de arquitectura contemporânea) a ser transformado em Gare de passageiros e galeria comercial.
O restante Cais, incluindo o cais Nato, ficaria reservado à operação de navios porta contentores, navios de guerra, auxiliares e de tráfego local.

sexta-feira, abril 16, 2004

Nostalgia

Deixando de parte a brincadeira da Fotografia enviada pelo José Pacheco, passemos às coisas sérias que nos fizeram criar este espaço de reflexão e debate sobre a nossa Cidade.



Hoje descobri que a Pastelaria Mimo reabriu. Fiquei contente por ver uma das casas comerciais que mais marcaram Ponta Delgada com as suas portas de novo abertas ao público. Penso que com nova gerência o agora denominado café/restaurante Mimo promete devolver àquele lado da cidade mais algum protagonismo. Estamos em tempo de animação pelos lados do campo, vamos a ver se aguenta. Não recordo muitos dos seus proprietárias. Também não sou assim tão velho. Recordo o António Carlos com o seu permanente pano de flanela que de tanto polir a máquina de café a gastava antes de envelhecer. Impecável sempre.
Lembro, outras casas desaparecidas que bem marcaram a minha infância, A barbearia Gil, um belo exemplo de arquitectura que foi totalmente destruído para dar lugar a uma coisa normal; A mercearia Jade ex. cinema Jade, felizmente hoje recuperado para serviços; A casa cavaco, era onde hoje está a Xandi, onde se compram velharias e se vendem antiguidades; O Pereira & Pereira, o que diria o Sr. Humberto Pereira se vise hoje o sucesso que são os supermercados que ele como pioneiro tanto padeceu para implementar; Carlos Câmara & Companhia para servir a sua Senhoria, é pena não ser Lacerda para o mandar à m…; A Papelaria Neves que recentemente deu lugar a uma “manjedoira” de “fast-food; A Velha Cervejaria Melo Abreu, depois restaurante de luxo, mais tarde chinês e hoje fachada com abertura adiada sine die; A loja dos compadres, no canto contrário à Xandi, onde comprei os meus primeiros carrinhos de colecção e livros de Enid Blyton; Por último e porque os últimos são os primeiros a minha querida Tabacaria do Alceu. Alceu Cabido Carneiro, de nome e de feitio, era lá que ao fim da manhã, encimados pelos retratos da Dama de Ferro, Cavaco Silva e Bush Pai, trocava quase diariamente as minhas ideias com os mais velhos, O Sr. José Riley, o Sr. Renato Resendes , Sr. Carlos Aguiar, Dr. Botelho de Melo, Dr. Luís Bettencourtt e outros menos assíduos que me vão perdoar por não os citar. Desde que o Alceu morreu nunca mais comprei a lotaria. No Natal comprava-lhe sempre um bilhete e retirava uma cautela que lhe oferecia. Um ano estava fora e esqueci-me, quando lá voltei em Janeiro estava lá guardado o meu bilhete, não tinha saído nada mas lá tive que pagar o bilhetinho todo que ao Alceu não se podiam fazer desfeitas. Apesar de muito mal-educado, roçando muitas vezes a boçalidade, o Alceu era um espírito interessante, capaz de perceber rapidamente tudo o que lhe dizia. Conheci-o a jogar Bridge, modalidade que adorava, jogou mais de 50 anos mas nunca aprendeu.


Cabecinhas maldosas...


Há gente que não é capaz de ver bondade em parte nenhuma. Tentaram logo encontrar uma relação entre esta fotografia e a criação do Blog Ponta Delgada. Uma coligação de futuro? Foguetabraze! No que concerne ao poder local já fiz o que tinha a fazer.

quinta-feira, abril 15, 2004

As grandes Festas da Cidade



Os preparativos começaram na Segunda-feira passada. É ver a azafama que vai por estas bandas do Campo, são centenas de pessoas a trabalhar, são pintores, electricistas, pedreiros, serralheiros, há para todos os gostos. Raramente se vê tanta Gente empenhada em que corra tudo bem. Afinal sempre se trata da maior manifestação religiosa e social das Ilhas dos Açores.

Em honra do Cristo milagreiro, acorrerão à Cidade milhares de forasteiros e Gente da Ilha que só nesses dias de festa desce à urbe. Uns em busca das raízes, outros em busca da fé perdida, outros ainda em busca de um milagre e ainda os que não sabem o que buscam. Todos clamarão ECCE HOMO, mesmo sem saberem o que as palavras latinas significam.

Ponta Delgada vai engalanar-se e o cortejo social, a que alguns chamam procissão penitencial, por ser ano de dois actos eleitorais, vai ser mais concorrido do que nunca.
São Pedro, do outro lado da Cidade, que nos mande bom tempo e os vestidos novos e os fatinhos de verão irão passear-se pelo baixa e alta de Ponta Delgada, que este ano tem como atractivo suplementar os corredores do Parque Atlântico.

quarta-feira, abril 14, 2004

O Porto de Ponta Delgada

O Porto de Ponta Delgada, foi ao longo dos séculos o maior pólo de desenvolvimento económico dos Açores.
Depois da Revolução, apenas sofreu obras de manutenção, quase sempre por imposição dos estragos causados pelos temporais vindos de sudeste o que já não é mau.
Mais recentemente foram efectuadas obras na Zona de pesca, de forma a aliviar o Porto Comercial do reboliço das embarcações pesqueiras, mas também como forma de optimizar o exercício da pesca, trazendo o colorido das grandes e pequenas embarcações para mais perto da Cidade. Na minha modesta opinião, esta obra peca por tardia uma vez que o sector da pesca está em franca recessão. Contudo, traz à Cidade colorido e alegria, numa Zona que antes era cinzenta e agreste.
Falta acabar a obra. Concluir uma nova lota já projectada e ordenar as zonas destinadas ao parqueamento das embarcações.
Na verdade, as zonas a traz referidas, estão a ser selvaticamente utilizadas para estacionamento de autocarros e viaturas ligeiras dos trabalhadores que insistindo na fuga aos minibus deixam o Parque da Madruga Vazio.

Ponta Delgada sempre!!!

Este Blog é mais uma espécie de extensão do Foguetabraze. Nasce assim, da necessidade que tenho de denunciar e alertar ou até mesmo elogiar atitudes cívicas dos Autarcas e dos Cidadãos de Ponta Delgada, onde resido e onde passo grande parte do meu tempo.
Podia fazê-lo no Foguetabraze, é verdade. Contudo, aquele é para mim, um espaço mais abrangente onde posso tratar questão da política nacional e Internacional a par da regional sem vir ao nível local ou de bairro.

A todos o meu bem haja