quinta-feira, janeiro 19, 2006

Hipotecar o futuro apagando o passado


Não se hipoteca o futuro de uma cidade só contraindo dividas. Na verdade, as más opções urbanísticas são mais perniciosas do que as dividas das autarquias. Eu tinha fé que, a contenção imposta pelo novo enquadramento da lei de financiamento das autarquias, tivesse a bonomia de não permitir a alguns autarcas fazerem disparates. Contudo, há sempre que arranje maneira de contrariar a tendência e como para o mal arranja-se sempre maneira, vieram na onda das SCUT, os PSCA- Parques sem custos par as autarquias. Na realidade, a construção do parque de estacionamento subterrâneo em frente ao Teatro Micaelense é uma forma encapotada de, ao abrigo de um acordo de exploração de vinte e cinco anos, fazer-se uma obra sem custos para a Autarquia e que vai ser paga pelo utentes, ou seja é um mecanismo inverso às SCUT.
Sobre essa invenção da Dr.ª Berta Cabral, tenho, pelo menos, duas coisas a dizer:
1-Não faz sentido que, depois de se ter gasto milhões do erário público para fazer obras no Teatro Micaelense, mantendo a sua traça original, enfeirar-lhe à frente um jardim de bancos de betão e quiosques de duvidoso sentindo estético;
2- Não faz sentido, pelo menos na minha cabeça, fazer obras em nome do estacionamento e acabar por reduzir o número de lugares disponíveis para esse mesmo estacionamento. Mais não digo sobre este disparate que é de uma falta de visão e ambição tais que só é mesmo ultrapassado pela “canadinha” que vai de Santa Clara à Relva ou por aquela amostra de via litoral sem sentido que a mesma autarquia fez em São Roque.
Eu sei que não vou mudar nada e que, a candidatar-se outra vez, a Dr.ª Berta volta a ter 70% dos votos, mas fica aqui registado para gerações vindouras que para além de uma maioria ávida de foguetório e forro, havia por essas paragens quem gostasse mesmo disso.
Como diz um amigo meu, "merecíamos políticos melhores".

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