terça-feira, junho 27, 2006

Nem de propósito

Hoje passei junto ao Relvão, coisa que raramente faço por não ser rota de meu costume. O João Pacheco de Melo lembrou um episódio do passado honroso daquele lugar, ali se reuniram os 7500 "Bravos do Mindelo" que hoje há 174 anos foram em socorro de D. Pedro IV e que libertaram o Reino do jugo absolutista de D. Miguel e da Rainha D. Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Paula Isidoro Micaela Gabriela Rafaela e Gonzaga, abreviadamente D. Maria II de Portugal
O Relvão já foi, em tempos, lugar de eleição para as minhas aventuras ciclisticas. Na época, éramos uns quantos rapazolas na pré-adolescência que fazíamos "Rally" de bicicleta. A minha JAVA 24 era como a nimbus 2000 do Harry Potter, uma "brasa", nunca entrou na oficina do Zarolho, ali na rua Ernesto do Canto, a minha reparava-a eu. Reparava a minha e as de mais alguns, cheguei a fazer negócio com a habilidade para mecânico.
Havia grupos e zonas da cidade onde se faziam os melhores rallys de bicicleta e ciclocross da Europa. A nossa Europa começava na Mata-da-doca e acabava no Relvão. De permeio ficava o Lajedo e o jardim do Palácio de Santana. Estes eram as grandes quatro locais da cidade onde as coisas se passavam. Corri em todos, ganhei muitas corridas, era dos melhores, modéstia à parte. Na verdade, era dos melhores em quase tudo, só nunca soube jogar matraquilhos, ainda hoje não sei rolar, nem bem nem mal, aquelas ponteiras de aço com bonequinhos de ferro fundido pintados com as cores dos clubes do campeonato nacional. O Carlos, amigo de infância de aventuras e desventuras em terras de Nordeste, há dias encontrou-me no hipermercado. Hoje em dia encontro toda a gente no hipermercado. Haverá coisa mais democrática do que a ida ao hipermercado? O Carlos, dizia eu, perguntou-me na sua maliciosa ironia, Já aprendeste a jogar matraquilhos? Eu tinha jurado com dentadas de raiva nos dedos que havia de lhe ganhar um dia. Nunca consegui. O máximo que conseguia era o desafiar para uma partida de ping-pong em jeito de desforra. O Carlos também nunca me ganhou em jogos de raquete, jogávamos badmington e ténis-de-mesa no viveiro, na pousada dos guardas florestais.
Pois é, afinal esta croniqueta blogosférica era para falar do Relvão. Mas aquele espaço é isso mesmo, um monte de recordações, transporta-me para a infância como se de uma máquina do tempo se tratasse.
Por estes dias vai haver por ali arraial, também fiquei a saber isso hoje. Não quero saber se vai ter fado, guitarrada, brasileiras e demais despesas inúteis, desde que à luz do balão e entre o fumo da sardinha assada e na espuma do copo da cerveja, os Pontadelgadenses saibam, pelo menos, um pouco da história do Relvão, pelo menos o pouquinho, quase nada, que eu sei.

quarta-feira, junho 21, 2006

Azia

Se jogarmos com a Argentina ou com a Holanda como jogamos com o México, vamos para casa com meia dúzia de golos no bucho.

terça-feira, junho 20, 2006

A minha cidade


Ponta Delgada, original carregado por foguetabraze1.

Eu gosto da minha cidade. Com luz com vida, sem o reboliço dos finais de semana. Eu gosto da minha cidade de uma maneira diferente da maioria dos seus cidadãos. Talvez por isso, onde eu ando encontro turistas, eles gostam da cidade que eu gosto?

sexta-feira, junho 02, 2006

Porque sim

Porque eu quero, porque gosto de desafios grandes. Porque Ponta Delgada e a poesia merecem, mas principalmente porque, enfim.
Dizia-me o Pedro Arruda, há dias, que deveria manter apenas o Foguetabraze e deixar de parte o Corsário das Ilhas e o Ponta Delgada. De facto, seria bem mais fácil manter o Pai dos meus blogues actualizado se não me despersasse tanto pelo seus blogues associados e pelos ontros onde colabroro como o Gritos de Santa Maria, o moribundo Olhómetro e até mesmo o ZOOM.
Seria sensato (alguma vez o fui) da minha parte e congregaria leitores no Foguetabraze se assim o fizesse. Mas não. No Olhómetro e no Gritos de Santa Maria falo apenas de questões locais, sobre Santa Maria, as suas gentes, as suas aflições e as suas angústias. No Corsário das Ilhas, essa espécie de Blogue Copy & Paste, coloco textos de que gosto de autores que admiro e não me canso de reler.
Neste Ponta Delgada, disponibilizo, com pouca frequência é certo, e não com aquela que gostava, assuntos da cidade, da sua vivência histórica, política e social. Têm-me desafiado a escrever sobre mais alguns dos cromos desta Cidade, mas até nisso a Capital mudou muito, já não há cromos como antigamente, acarinhados, respeitados e idiossincráticos, ou melhor ainda restam alguns.
Na semana que passou tenho-me lembrado bastante de algumas dessas figuras, da Manca pela incompetência, do Sagão pela sua seriedade, isso para falar dos mortos. Felizmente, do reino dos vivos fazem parte o Tomé do Santa Clara, o Bruce Lee, O Alcides, o José do Royal O Gabriel da Tabacaria, o Tigre, O Gatuno, o Cigano, Mestre Liberto Tavares e tantos outros que, por uma ou outra razão marcam a vida da cidade.
Note-se que, o epíteto de cromo, para mim, nada tem de depreciativo, pelo contraio é um estatuto que só aqueles que têm obra valerosa podem alcançar.
Ah lembrei-me de mais uma, aliás foi o Alexandre Pascoal que me lembrou há dias a respeito das festas do Senhor Santo Cristo, aquela Senhora da roleta junto ao balneário municipal que, há mais de 30 anos ouço gritar o pregão “ e roooooda à série 31!!!”