quarta-feira, agosto 24, 2005

Cromos 2 em 1

A história que vos vou contar não tem só um mas dois, dois cromos da nossa cidade. O Salsa e o Simas.
O Salsa é um daqueles cromos a quem o vinho não faz mal senão a ele mesmo. Digamos que é Homem de bom vinho, não incomoda ninguém, não se mete com ninguém. O Simas já nem tanto, mas a mim nunca importunou senão para cravar um cigarro. Nunca mais o vi.

Um dia, noite alta ou manhã cedo, não posso precisar, o Salsa estava sentado na soleira da porta do Xantarix ( para os mais novos, o Xantarix era um bar muito bem frequentado ali por baixo do restaurante London). Para variar ou para confirmar a regra, o Salsa estava sério. Caso raro. Do outro lado do passeio, arrastava-se com dificuldade o Simas acartando consigo uma daquelas bebedeiras onde afogava as suas desventuras. Levava a calçada de lado a lado, apenas se sustendo nas paredes e no degrau do lancil.
Eis senão quando o Salsa - aquele exemplo de vida regrada e saudável solta um grito: "Eh! que ganda cadela!!".

quarta-feira, agosto 03, 2005

Mais um cromo

O Mestre Pacheco Pintor. Esse mesmo, o da bicicleta de corridas com uma enorme buzina de ar e o seu inconfundível som impossível de simular em linguagem escrita, a sua oficina de pintura ali na rua da Vitória junto à Rua Marciano Henriques da Silva.
A minha, mulher morava aí quando nos conhecemos e travei, por isso, um relacionamento mais estreito com o mestre Pacheco. Uma das histórias mais deliciosas que conheço deste cromo de Ponta Delgada está relacionada com uma enorme colecção de quadros de mulheres nuas que exibia, (não sei se ainda exibe) nas paredes da sua oficina. Um dia lá entrada, alguns dos habituais frequentadores da tertúlia do Pacheco, notaram que os quadros haviam sido substituídos por imagens do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
-EH Pacheco o que é que se passa aqui hoje? Não há gajas nuas nas paredes, é só Santo Cristo!
Ao que o Pacheco respondeu prontamente.
- É que a minha mulher vem cá hoje e então tive que alterar a decoração.
Ao que consta, os quadros das mulheres nuas tinham por trás uma imagem do Santo dos Milagres e quando recebia visita de sua mulher o Pacheco virava-os todos ao contrário.